A Revolução do Xisto E O Brasil Tem a Segunda Maior Reserva do Mundo

shale gas map of the united states

Os EUA estão passando por uma revolução tecnológica que está barateando enormemente o preço do gás e do petróleo, a extração de gás e óleo do xisto betuminoso., hoje produzidos a um quarto do preço vigente no mercado mundial. O preço para viabilizar a exploração do pré-sal brasileiro chega a US$ 60 o barril, o que na prática torna o pré-sal economicamente inviável. Há dezenas de matérias sobre o tema neste site.

Esta é mais uma razão combater a competição absurda pela destinação dos royaltes do pré-sal e justificar a suspensão da sua exploração, sob pena de construir milhares que elefantes brancos (plataformas, barcos, petroleiros,,,) que ficarão apodrecendo no litoral brasileiro. [José Correa]

 Sergio Lamucci, Valor, 1 de Julho de 2013

O avanço significativo da indústria de gás e petróleo de xisto nos EUA já produz um impacto considerável sobre a economia americana, tendência que deverá se aprofundar nos próximos anos, afetando também a economia global. Com a chamada “revolução do xisto”, as previsões apontam um crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB), maior geração de empregos, mais receitas para os cofres públicos e um impulso importante à reindustrialização nos EUA, ao baratear o custo da energia. Há ainda um efeito sobre as contas externas americanas, com a dependência menor das importações, o que terá implicações geopolíticas relevantes – há quem aposte em queda não desprezível dos preços do petróleo (ver quadro abaixo).

A equipe de commodities do Citigroup Global Markets estima que, em 2020, o PIB americano será de 2% a 3,3% maior do que seria devido ao impacto cumulativo da nova produção de gás e petróleo, em grande parte devido à indústria do xisto, do menor consumo e das atividades associadas ao setor, diz o analista do Citi Eric Lee. A equipe do Citi espera ainda a criação de 2,7 milhões a 3,6 milhões de empregos nesse período.

A fatia do gás de xisto na produção total de gás natural dos EUA pulou de 4% a 5% em meados da década passada para 34% em 2012. Em 2040, deve atingir 50%, sgundo a Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês). Pelas projeções da EIA, a produção local de gás deve superar o consumo doméstico por volta de 2020, tornando os EUA um exportador líquido. No caso do petróleo, a EIA estima no cenário básico que o país continuará a ser um importador líquido até 2040, embora a parcela do consumo abastecida por produtos do exterior, de 37%, deverá ser inferior aos 40% de 2012 e muito menor que os 60% de 2005. Em 2012, a fatia do petróleo de xisto na produção total ficou um pouco abaixo de 30%.

A produção de gás e petróleo de xisto tem crescido com força nos últimos anos graças a avanços tecnológicos como a fratura hidráulica e a perfuração horizontal. Na primeira, as rochas de xisto são fraturadas para liberar o gás e o petróleo que está dentro delas, com a injeção de água a alta pressão, produtos químicos e areia.

Vice-presidente para o setor público da consultoria IHS Global Insight, John Larson diz que o termo “revolução de xisto” não é exagero. “É o evento mais importante do setor de energia deste século até o momento.” A IHS estima que a indústria do petróleo e do gás não convencional gerou US$ 238 bilhões em termos de valor adicionado para a economia americana, valor que deve subir para US$ 416 bilhões em 2020. “Dados os atuais níveis de produção, essas estimativas podem ser conservadoras”, observa Larson.

A consultoria estima ainda que, em 2012, 1,7 milhão de empregos diretos, indiretos e induzidos podiam ser atribuídos aos setores de gás e petróleo não convencional, número que pode atingir 3 milhões no fim da década. “E são empregos de boa qualidade, num momento em que o desemprego ainda é elevado. A maior parte deles paga de US$ 34 a US$ 36 por hora.” Em maio deste ano, a média dos salários no setor privado americano estava pouco abaixo de US$ 24 por hora.

A geração direta de empregos no setor de exploração de petróleo e gás tem crescido muito acima da média geral, segundo informações da EIA. De janeiro de 2007 a setembro do ano passado, o emprego no segmento de perfuração cresceu 9,3%; na extração de petróleo e gás, 35,6%; e em atividades de apoio, 55,3%. No mesmo período, o total no setor privado aumentou 0,3%. A fatia total do setor no emprego privado, porém, é de apenas 0,5%.

Um estudo da consultoria Capital Economics relativiza as mudanças que ocorrem no setor de petróleo e gás justamente por causa de seu tamanho pequeno em relação à economia. De acordo com a pesquisa, o setor de mineração como um todo responde por algo como 2% do valor adicionado nos EUA, por exemplo.

“Além disso, a expansão da produção é esperada para ocorrer num período de uma década ou mais, o que significa que o impacto no crescimento anual do PIB será muito modesto, não mais do que alguns décimos de um ponto percentual”, diz o relatório da Capital.

Um ponto adverso levantado por alguns analistas é a rápida taxa de declínio dos poços de gás de xisto, o que requer perfuração contínua para manter a produção em crescimento. Isso poderia ser um obstáculo à sustentabilidade do atual boom.

Além disso, há também o impacto ambiental envolvido na extração de petróleo e gás de xisto. Existe, por exemplo, o risco de contaminação de fontes subterrâneas de água potável. Há quem lembre, entretanto, que gerar eletricidade com gás natural emite metade do CO2 do que com carvão.

Um dos impactos importantes da indústria do xisto sobre a economia americana é o estímulo para o renascimento da indústria, diz Larson, ressaltando também outros fatores, como o estreitamento da diferença entre os salários nos EUA e nos países asiáticos.

A forte queda do preço do gás natural nos últimos anos barateou o custo da energia, ajudando a tornar mais atraente a produção de produtos industriais nos EUA. Atualmente, os preços do gás natural estão na casa de US$ 4 por milhão de BTU (British termal units), muito abaixo dos quase US$ 13 registrados em meados de 2008.

Um estudo do Goldman Sachs Asset Management (GSAM) ressalta os benefícios para a economia americana da dependência menor das importações. Os analistas do GSAM estimam que cada barril de petróleo produzido domesticamente, em vez de importado, contribui com US$ 170 para o PIB, levando em conta um preço de US$ 100 por barril.

Com base no que consideram premissas “modestas” para o crescimento da produção e para a demanda, a contribuição anual para o PIB pode ser de 0,1% a 0,15%, devido ao aumento do investimento e à substituição de importações.

“Revolução” pode ajudar petróleo a cair a US$ 70 o barril no fim da década

A “revolução do xisto” terá um papel importante na redução do déficit americano nas suas contas externas, ao diminuir a necessidade de importações, podendo contribuir também para uma queda dos preços do petróleo no mercado internacional.

Para o analista de commodities Eric Lee, do Citigroup Global Markets, as cotações do Brent vão oscilar entre US$ 70 e US$ 90 no fim da década, um intervalo consideravelmente inferior aos US$ 90 a US$ 120 observados desde o ano de 2011.

Segundo ele, o que se passa nos EUA, onde a produção do petróleo sobe com força, terá uma influência significativa nesse processo, o que representará um desafio aos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O Citi vê ainda um cenário em que há “oportunidades claras” de substituição de derivados de petróleo por gás natural como combustível em veículos, trens, caminhões e navios. Se concretizado, isso ajudará a reduzir a demanda por petróleo.

Lee espera uma queda do déficit em conta corrente americano, hoje na casa de 3% do PIB. Em 2020, o número pode estar na casa de 2,4% do PIB, estima o Citi.

Segundo o banco, a melhora do déficit em conta corrente ocorrerá não apenas pela redução direta das importações de petróleo e gás e do aumento das exportações desse produtos, mas também pela queda dos preços de petróleo e da alta das vendas externas de bens de maior valor agregado em setores como o petroquímico e o de metais, beneficiados pela oferta de energia mais barata. O dólar teria uma valorização real (ajustado pela inflação) de 1,6% a 5,4% até o fim da década.

O Citi considera que a possibilidade de independência energética de toda a América do Norte antes de 2020 é extremamente elevada, existindo até mesmo uma perspectiva real de autossuficiência dos EUA no começo da próxima década, diz Lee.

http://outrapolitica.wordpress.com/2013/07/01/gas-de-xisto-estimula-economia-dos-eua-e-pode-derrubar-preco-do-petroleo/

O Gás De Xisto Em Terra ÉNosso

Brasil Possui Reservas de Gás de Xisto em Terra Maiores Que o Pré-Sal

Em janeiro de 2013, a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, apontou que o Brasil deve possuir reservas de gás não convencional, ou gás de xisto, de até 500 trilhões de pés cúbicos, em terra.

Ela chegou a dizer a jornalistas que: “isso é muita coisa, mais que o pré sal, se for verdade”.

LEILÕES & MERCADO

O primeiro leilão de gás não convencional no Brasil, previsto para dezembro de 2013, poderá ofertar blocos de até cinco potenciais bacias sedimentares.

Pesquisas iniciais da ANP apontaram que as maiores incidências do gás não convencional, também chamado de gás de xisto, estão nas bacias de Parecis (em Mato Grosso), Parnaíba (entre Maranhão e Piauí), Recôncavo (na Bahia), Paraná (entre Paraná e Mato Grosso do Sul) e São Francisco (entre Minas Gerais e Bahia), disse à Reuters Olavo Colela, assessor da diretoria da ANP.

Xisto Brasil

Fonte Editoria de Arte/Folhapress

Entre os estudos da ANP, os menos avançados estão na bacia do São Francisco, uma vez que já existem contratos de concessão para extração de gás convencional na região e empresas privadas avaliam a área.

Bacias localizadas na floresta amazônica ou em mar, mais complexas, ficariam de fora das primeiras licitações.

“O gás é o mesmo, mas a forma de produção e o reservatório são diferentes. É um reservatório com mais porosidade (o de xisto), como se fosse uma esponja, e é preciso fazer o fraturamento desses poros com água para que saia o gás”, explicou Colela.

O gás de xisto mudou a matriz energética dos EUA nos últimos anos, derrubando os preços da commodity no mercado doméstico.

Lá, as cotações caíram de entre 10 dólares a 13 dólares por milhão de BTU (unidade padrão de volume de gás) para algo em torno de 2 dólares por milhão de BTU.

No Brasil ainda não existe uma perspectiva de preços a serem obtidos com o gás não convencional, mas dificilmente os valores cairiam ao patamar norte-americano.

Lá houve uma explosão da produção e os Estados Unidos não possuem autorização para exportar ainda. Essa sobreoferta derrubou os preços.

Xisto

EXTRAÇÃO

Embora tenha potencial de ser abundante e barato, o gás de xisto tem extração polêmica.

Teme-se que o processo de fraturamento hidráulico da rocha, necessário para a retirada do gás, possa gerar contaminação dos lençóis freáticos.

O risco ambiental de extração de gás não convencional não é maior que a produção convencional em mar, visto que há a possibilidade de vazamentos como o que ocorreu no Golfo do México.

Mas no caso de contaminação de lençol freático, isso é mais próximo das pessoas, chega às torneiras das casas.

A polêmica é positiva na medida em que se construa e se pesquise toda uma rede de segurança ambiental com as verbas que o governo  arrecade com as concessões nos leilões.

RESERVAS

Em 2013, as reservas de gás no país eram de 32 trilhões de pés cúbicos (TCF), mas a agência de energia do governo dos Estados Unidos (AIE) afirmava que somente a bacia do Paraná teria potencial para 226 TCF.

Xisto Brasil

O provável volume de 500 TCF no Brasil seria dividido da seguinte forma: 202 TCF nas bacias do Parecis, Parnaíba e Recôncavo, mais os 226 TCF da bacia do Paraná estimados pela AIE, e 72 TCF na bacia do São Francisco.

Até então, a produção de gás não convencional no Brasil era praticamente inexistente. A única exploração do gênero era feita pela Petrobras, no município de São Mateus do Sul (PR). A estatal produz lá uma quantidade pequena de óleo e gás via fraturamento.

COMPETITIVIDADE

Possuir mais que o Pré-Sal em reservas de gás em terra é algo muito sério e o país precisa copiar o processo americano com urgência, com padrões de segurança ambiental semelhante ou até superiores.

A competitividade de nossa indústria será alterada pesadamente ao longo desse processo, que completa a modernização geral em curso.

Xisto

Os tão sonhados investimentos terão assim como aportar no Brasil alegremente.

Simples assim, desde que haja expressivo beneficiamento industrial advindo desse gás extraído com forte rede de segurança ambiental.

http://www.economiabr.com.br/index.php/gas-de-xisto/

GÁS DE XISTO: RIQUEZA OU   PERIGO?Chico VigilanteCHICO VIGILANTE22 DE JULHO DE 2013 ÀS 19:15A produção do gás de xisto, ou gás não convencional, está prestes a ser explorada no Brasil, mesmo sem nenhuma discussão da sociedade sobre os perigos da atividade para o meio ambiente e os cidadãos das regiões envolvidas

No filme “Promised Land”, lançado em dezembro de 2012 nos EUA,  Matt Damon interpreta o papel do executivo de uma produtora de gás natural que tenta alugar direitos de exploração na zona rural do estado americano da Pensilvânia onde o fraturamento hidráulico, ou “fracking”, tornou-se uma técnica bastante difundida para extrair gás natural de depósitos de xisto argiloso.

O personagem tem sua atuação questionada quando o rebanho de uma cidade começa a morrer após beber água contaminada. O filme segue a linha do documentário “Gasland”, de 2011, que mostra um morador “incendiando” a água da torneira com um fósforo.

Não se trata de ficção, apenas. O tema chegou a Hollywood porque é preocupante e as atividades vem crescendo nos EUA e no mundo. A polêmica em torno desta fonte de energia gera milhões de ações na Justiça no Canadá e nos EUA – o maior produtor mundial – e sua exploração é proibida em  países como França e  Bulgária.

A produção do gás de xisto, ou gás não convencional, está prestes a ser explorada no Brasil, mesmo sem nenhuma discussão da sociedade sobre os perigos da atividade para o meio ambiente e os cidadãos das regiões envolvidas, como a contaminação da água, explosões geradas pela liberação do gás metano e terremotos. Nos EUA, acredita-se que um terremoto ocorrido em Oklahoma esteja relacionado à exploração do gás de xisto.

Este é o momento de aprofundarmos a análise a respeito. Em apenas três meses o Brasil realizará seu primeiro leilão para exploração de gás de xisto, marcado pela Agência Nacional do Petróleo -ANP, para 31 de outubro, quando serão oferecidos blocos nas bacias de Parecis (em Mato Grosso ); do Recôncavo (na Bahia); do Acre;  do São Francisco (entre Minas Gerais e Bahia); e na do Paraná (entre Paraná e Mato Grosso do Sul). Importantes bacias hidrográficas do país correm o risco de sofrerem conseqüências inimagináveis.

Enquanto empresas como Petra, OGX, HRT, Orteng, Cemig e Petrobras avaliam oportunidades na produção do gás não convencional no Brasil, o Ministério do Meio Ambiente não está envolvido no assunto e não existe nada específico sendo estudado pelo Ibama, ou pela Agência Nacional de Água – ANA.

Para esclarecer aos leigos no assunto, e obviamente eles representam a maioria da sociedade brasileira, o xisto é uma camada de mineral situada a três ou quatro quilômetros abaixo da superfície do solo, onde se encontra gás aprisionado.

Para libertar este gás é necessário “fraturar” o xisto, o que é feito por meio de explosões com o uso de substâncias químicas e  jatos de água a alta pressão ocasionando a subida do gás.

Os problemas ambientais originam-se do fato de que grande quantidade de água tem de ser usada, misturada com areia e um “coquetel” de substâncias químicas (cuja composição tem sido mantida em sigilo pelas empresas) para “fraturar” o xisto. Cerca de 50% a 70% da água injetada é recuperada e trazida de volta para a superfície, onde é colocada em lagoas que podem poluir o lençol freático.

Além disso, o gás liberado do xisto não é metano puro, vem acompanhado de nitrogênio (que não queima) e de várias impurezas, como sulfato de hidrogênio (que é tóxico e corrosivo), tolueno e outros solventes.

Nos EUA, a redução do preço do gás de xisto a níveis muito baixos tem incentivado a instalação de novas indústrias no país tendo ocorrido uma “explosão” da produção a partir de 2000 quando  ele representava  apenas 1% do gás natural produzido. Em 2010 passou para 20% e existem previsões de que em 2035 serão quase 50%. Num período de apenas dez anos foram abertos cerca de 20 mil poços de gás de xisto no país.

O sonho americano de independência energética passa por ai, mas ainda está longe de se transformar em realidade. Apesar do país estar importando menos petróleo, uma vez que o gás vem substituindo derivados do petróleo tanto na indústria quanto no transporte, eles ainda importam do Oriente Médio metade do petróleo que consomem (cerca de 10 milhões de barris por dia), a um custo de mais de US$ 300 bilhões por ano.

Não são poucos os que acreditam, como afirmei em meu último artigo Fim do complexo de vira-latas, que as guerras naquela região do mundo (principalmente no Iraque) têm a ver com a necessidade de garantir o fornecimento de petróleo por governos “menos” nacionalistas.

A exploração de gás de xisto no Brasil e no mundo é um assunto árido quando visto pelo lado do cidadão comum, e tóxico, literalmente, quando se trata do meio ambiente e dos interesses de corporações e governos, mas devemos ter a coragem de enfrentá-lo já.

Quando falamos que Deus é brasileiro ou que o país é  abençoado por Deus, como diz a música, não estamos brincando. É a mais  pura verdade quando nos comparamos em termos ambientais a várias regiões do mundo: não temos nevascas, nem terremotos, ou furacões. Pelo menos por enquanto.

Está provado, no entanto, que o homem em nome de um falso  “progresso da civilização” vem destruindo irremediavelmente a natureza, causando efeitos conhecidos e talvez até muitos outros desconhecidos. A pergunta que devemos nos fazer é: que preço pagaremos por isso ? A hora de pesquisar sobre a questão é agora!

Porque entrar nesta aventura de exploração do gás de xisto se o Brasil tem grandes reservas de gás natural em várias regiões do país que não foram exploradas ? Em visita à bacia de Urucum, na Amazônia, por exemplo, vi de perto a grandeza de um belíssimo projeto da Petrobras que não está sendo ainda explorado na sua totalidade.

jornalggn